Pastéis de Belém, o retorno

SÃO PAULO – Ano passado, na primeira viagem que fiz a Portugal, intitulei como “Pastéis de Belém” todos os posts que de lá foram incorporados ao BLuc. O primeiro deles, escrito ainda do aeroporto de Guarulhos, falava a respeito da iguaria típica do bairro Belém, em Lisboa, e alertado fui que se experimentasse um fora de lá não seria um pastel de Belém, mas um simples pastel de nata. Fez sentido.

Voltei da terrinha sem ter provado o tal pastel, e uma nova chance se apresenta, já que embarco novamente para lá amanhã à noite. A missão é bem parecida com a de 2011, narrar as primeiras corridas da temporada do Porsche GT3 Cup Brasil. Missão dupla desta vez, já que serão dois eventos, um nesta semana no Estoril, outro semana que vem no Algarve. E mais “Pastéis de Belém” serão assados por este blog.

Um fim de semana de corrida não é mais que isso, um fim de semana de corrida, em que se gravita na enfadonha rotina hotel-autódromo-hotel. É motivo pelo qual terei pouco a contar aos que me leem, e tem sido bastante gente de uns tempos para cá, o que é legal. Um ano atrás tratei de compartilhar com a rapaziada daqui tudo que pude bisbilhotar no Estoril, falo do autódromo, não deve ter sobrado muita coisa para esta semana.

Foi impossível não compará-lo às pistas do Brasil, maravilhados que ficamos, todos os integrantes da categoria, com a estrutura de câmeras de pista, a lanchonete, o carrinho de lanches, o estado de conservação de um autódromo já quase quarentão – comparação que inclusive levou Luiz Alberto Pandini e eu, durante a transmissão das corridas pelo Speed Channel, a comentários jocosos que reproduzi aqui no blog no fim do ano.

Tentei, na agenda lusa de 2011, dar a quem veio ao blog uma ideia do gigantismo alcançado pelo Porsche GT3 Brasil, algo que o Luca Bassani, que tira fotos um tanto melhores que as minhas, conseguiu com louvores nove meses depois, aqui ao lado, na pista de Interlagos.

Participei, na agenda lusa de 2011, de uma malfadada peregrinação pela noite estorilense, que levou-nos, a mim e alguns parceiros de viagem, a um bom sanduba numa bodega um tanto medonha. E na chegada também tive de ensinar ao taxista o trajeto aeroporto-hotel, enquanto tratava de tirar do estômago a mal digerida refeição servida a bordo.

Mantive, na agenda lusa de 2011, a mania de usar a internet para promoções como meio de escolher os amigos a quem dou os parcos brindes que consigo amealhar em autódromos (haverá muitas ao longo do calendário de 2012, aliás), e de lá saiu um boné especial preparado pelo Marketing da categoria. Não lembro quem ganhou, e é possível que outra brincadeira similar aconteça por aqui nos próximos dias.

Falhei, na agenda lusa de 2011, na missão de levantar informações relevantes sobre o carro que engenheiros dos arredores do autódromo construíram para testar motores a diesel e, também, para proporcionar caronas velozes aos convidados dos eventos de lá. Um protótipo digno de detalhamento jornalístico, mas meu jornalismo não é lá essas coisas, me acusaram disso dias atrás. Talvez o carro esteja em algum canto do autódromo de novo e alguém possa me dar explicações.

Ri, na agenda lusa de 2011, de detalhes contidos no encarte do CD que nos disponibilizaram com os hinos oficiais de dezenas de países, e também com o painel digital instalado sobre a linha de chegada que mostra a hora aos pilotos, dispositivo que rendeu algumas piadinhas divertidas, até.

Abordei, na agenda lusa de 2011, as ilações que fazem entre a pista e Ayrton Senna. Comecei repelindo os fãs mais fervorosos do piloto, lembrando do modo afoito como se fez tirar de uma corrida de Fórmula 1, mas me redimi reportando a homenagem que Senna recebeu dos pilotos pelos 20 anos de seu tricampeonato mundial e encontrei, no paddock, uma salinha decorada com quadros do piloto brasileiro, a quem os portugueses devotam uma dose surpreendente de admiração.

Deparei-me, na agenda lusa de 2011, com uma gigantesca menção ao momento histórico que o autódromo havia emoldurado no Mundial de Motos, uma chegada histórica decidida por uma unha, e lembrei que foi lá que o parceiro Alex Barros tinha comemorado sua última vitória no MotoGP.

Exerci, na agenda lusa de 2011, uma duvidosa veia poética. Fiquei emocionado com um louvável vídeo produzido durante o evento, vi significados que penso terem sido inexistentes no simples tremular de uma bandeira, e também senti saudade de casa, o que é bom.

Não sei se vou ter algo novo pra contar desta vez, é provável que não. Sei que a saudade de casa vai bater forte. Já está batendo. Em duas semanas vou estar em casa pra abraçar todo mundo. E todo mundo vai estar lá pra me abraçar.

Pastéis de Belém (32)

Ao estilo do “Conta-gotas”, mais uma das séries que iniciei aqui no blog e às quais não dei sequência, registro minhas últimas considerações sobre a viagem rápida a Portugal:

*** Foi, de fato, rápida. Vou me programar melhor pro ano que vem, trazer a família a essa ou levá-la a outra etapa de sítio interessante, esticar por uns dias;

*** Fanta, aqui, tem realmente gosto de laranja, e os hambúrgueres – provei-os em lugares diversos – são fantasticamente mais gostosos. O ketchup que fornecem por essas bandas, por outro lado, tem exatamente o mesmo gosto do extrato de tomate que se usa no Brasil. Não estranhem, quando moleque eu comia extrato de tomate de colherada. Também comia cubinhos de caldo Knorr;

*** O único aspecto ruim da agenda corrida vai ser, mesmo, perder a transmissão da corrida da Fórmula 1 na Austrália. Essas novas e bobas regras vão tornar esse campeonato, como diria um músico que tocava com Luc & Juli, um festival de presepadas;

*** Voltando ao campo das guloseimas, os croquetinhos de bacalhau que preparam por aqui são ótimos, embora eu não seja exatamente um apreciador de bacalhau;

*** Brasil, Japão e Portugal são países onde o público do automobilismo nutre devoção por Ayrton Senna. Não necessariamente nesta ordem. Eu arriscaria adequar para Japão, Brasil e Portugal;

*** Se houver algum jacu, depois de mim, que nunca tenha provado ou ouvido falar dos pastéis de Belém e recorrer ao Google atrás de alguma referência terá a infelicidade de ser trazido a esse escanteado blog. E não, não provei nenhum pastel desses. Vou provar em Cascavel, no boteco que o João Passos indicou;

*** A viagem acabou, mas o trabalho do fim de semana, não. Amanhã narro em Interlagos as provas da segunda etapa do Pirelli Mobil Superbike, para o site da categoria. A página é essa aqui, disponibiliza áudio e vídeo. E, pelo que informou o Du Cardim, parece que enfim estão dando fim ao matagal por lá. Ainda bem, senão em pouco tempo ninguém conseguiria encontrar a pista de corridas;

*** A brincadeira de tentar imitar o jeito de falar dos portugueses, que só perde a graça quando alguém consegue – e sempre aparece um que consegue – pode levar a constrangimentos. No embalo da farra, chamei a atendente do hotel de “gaja”. Ela própria, percebendo que a brincadeira da turma não tinha nada de maldade, tratou de me alertar para a gafe. Ainda bem. A coitada não tem aparência e nem idade para ser puta, afinal;

*** Por falar em satirizar o jeito de falar daqui, acho que vou pegar uma bicha enorme antes de voltar pra casa, embora minha torcida seja por uma bicha bem pequenininha;

*** E este é o último produto da pastelaria, já que só vou ver computador na frente de novo chegando a São Paulo – embora o primeiro pastel da série tenha sido assado em Guarulhos.

Agora, de fato, vou para a fila do embarque. Para casos extremos, há área para fumantes, ao menos.

Cafunés a todos.

Pastéis de Belém (31)

Maldoso por natureza, o Antonio Contreras Muniz, que despacha no Twitter como @nico_contreras, fez questão de me enviar esta foto, que ele próprio tirou logo após uma das etapas do Porsche Cup em Interlagos. Segundo ele, na temporada de 2007.

Nico flagrou Constantino Júnior, vencedor da corrida de agora há pouco no Estoril, em prática pouco recomendável pelos chatos professores de etiqueta. Pode ser que a entrada dele, Nico, esteja providencialmente impedida em Interlagos na próxima passagem da categoria por lá.

Da esquerda para a direita, na foto, vemos Guilherme Figueirôa, Beto Posses, Constantino, o vencedor Tom Valle, Marcel Visconde e Clemente Lunardi. Os seis participaram do evento em Portugal.

Tinha aspectos diferentemente pitorescos, naquela época, o Porsche Cup Brasil. Eu nem lembrava que os macacões de todos os pilotos eram iguais.

Pastéis de Belém (30)

Da unidade da Cotapharma, logo à entrada do terminal 1 do aeroporto de Lisboa, dou as últimas internetadas enquanto aguardo o embarque para a volta.

Farmácia interessante, essa. Vende também bilhetes de loteria – só não comprei um porque não há como reclamar o prêmio a partir do Brasil – e disponibiliza uma pequena lan house, de onde, via webcam, conversei um pouco com o pessoal lá de casa.

Ver a Juli e o Luc Jr. ao vivo, ou quase ao vivo (esse troço tem delay e a imagem fica picotando) fez bater uma saudade ainda mais forte de casa.

É bom voltar.

Pastéis de Belém (29)

Dou de ombros às garantidas denúncias de marmeladas. É de Cascavel, minha cidade, o ganhador do prêmio bacaninha no torneio de palpites do fim de semana de Porsche GT3 Brasil no Estoril.

Beto Trento, que não entende patavinas de automobilismo e olhou os resultados dos treinos livres da quinta-feira para chegar a um palpite, foi quem mais pontos conseguiu na promoçãozinha que lancei naquele dia, essa aqui.

Trento acertou o quinto e o sexto colocado na corrida final da programação portuguesa, justamente as duas posições que valiam as maiores pontuações. Levou o boné com 11 pontos marcados.

Washington Luiz e Alexandre Braciak empataram em segundo lugar, com cinco pontos, cada. Outro empate na quarta posição, com Adriano Lubisco e Guilherme Marques fazendo três pontos, e ainda triplo na sexta posição, com Nico Contreras e Wagner de Freitas comemorando, cada um, um mísero pontinho.

Só metade dos participantes conseguiram acertar pelo menos uma posição do pódio. Dou os nomes dos que zeraram para que levem o sarro de toda uma nação: Antonio de Luca, Bruno Americano, Luiz Schneider, Marcelo Câmara, Tarso Marques Lima, Vinícius Lelis e Michelle Kapiche.

Os seis primeiros colocados na corrida que emprestou seu resultado final à brincadeira foram, do vencedor para o sexto, Constantino Júnior, Ricardo Rosset, Clemente Lunardi, Maurizio Billi, Marcelo Franco e Beto Posses.

Na semana que vem, com corrida de Fórmula Truck no Rio de Janeiro, vamos colocar dois bonés do piloto Pedro Muffato, autografados, em jogo para a galera do Twitter.

Pastéis de Belém (28)

Dizem que tudo que é bom dura pouco. Por outro lado, uma semana não pode durar mais que uma semana. Esta foi uma semana divertidíssima, e sobretudo de muito trabalho, por conta da vinda do Porsche GT3 Brasil a Portugal. E de contato com um novo parâmetro para nós, que no mundo ideal bem poderia – deveria – ser aplicado no automobilismo lá do Brasil.

Na programação de hoje, cuja transmissão pelo Canal Speed teve Luiz Alberto Pandini e eu aos microfones, vitórias de Gil Farah na classe Challenge e de Ricardo Rosset na Cup. Na terceira corrida, que teve na pista os 44 carros das duas categorias, vitórias de Sylvio Barros e Constantino Júnior, respectivamente. E a consagração de um evento que começou modesto, seis anos atrás, para chegar aos números invejáveis de ora.

Uma experiência interessante chega ao fim, dela só levo boas lembranças, apesar da água suja e dos botecos fechados com que demos de cara no Estoril. Foram dias em que deu gosto compartilhar com vocês, aqui pelo blog e lá no Twitter, um pouco, ou bastante, de coisas que a mim pareceram pitorescas acerca do evento, do lugar, do que me desse na telha.

Evento encerrado, fecho rapidamente o laptop, entro no táxi que já deve estar ali à minha espera e corro pra Lisboa. Tomo o voo de volta ainda hoje, amanheço o domingo em São Paulo, para continuar falando sobre velocidade com vocês – aliás, deixo já um abraço de gratidão a cada amigo que acompanhou o trabalho, que sugeriu, que criticou, que alertou, que retuitou.

Já vamos programando a vinda a Portugal em 2012. A parte boa da despedida é voltar pra casa. Já deu saudade.

Pastéis de Belém (26)

Luiz Alberto Pandini e eu, comentarista e narrador, a postos aqui no autódromo do Estoril para a transmissão das provas do Porsche GT3 Brasil pelo Speed Channel. Estaremos no ar daqui a pouquinho, a partir do meio-dia aí do Brasil.

Há 22 anos, quando comecei a tomar algum gosto por automobilismo, eu lia esse baixinho, então assinando Beto Pandini, no material da revista “Grid”. Hoje trabalho ao lado dele.