CASCAVEL – O Ruben Carrapatoso não está sozinho na turma do professor Raul Boesel naquele curso que transforma pilotos de corridas em DJs. O novo integrante da “Uniboesel”, ou instituição imaginária que o valha, é o André Pedralli, fedelho aqui de Cascavel que já ganhou até título brasileiro no kart.
Ao descobrir hoje cedo que o André é DJ, fico imaginando o martírio que lhe foi acompanhar, tempos atrás, um dos shows de Luc & Juli, de repertório sertanejo. “O automobilismo nem sempre é acessível, então fui atrás de outra atividade que me desse prazer, diversão”, falou o pirralho. Linha correta de raciocínio, a dele.
Diante da minha surpresa ao saber de sua DJência (substantivo recém incorporado ao idioma luquês), e sabedor de minha completa ignorância do assunto, o André me deu uma aula sobre música eletrônica. Me explicou quais são as várias vertentes do gênero e contou ter se especializado na house music, que pode ser desmembrada em deep house, tech house, electro house, progressive house. “Além do próprio house”, fez questão de frisar. Mais didático, impossível.
Foi na deep house que o piloto se especializou. “É o som que gosto de mandar nas pistas, um estilo com menos BPMs, um som limpo, agradável, que ninguém cansa de ouvir e muito menos fica parado se for bem administrado pelo DJ na hora festa”, lecionou. BPM é o jargão que denota batidas por minuto.
Ele também usa bastante o tech house em suas mixagens. “É um estilo de transição do deep house para o house. É possível mixar os três gêneros sem que a pista perceba. Já o house, ou o som mais comercial, cai muito bem em festas onde o pessoal não é underground, porque é um som conhecido pela grande massa”, discorreu, com naturalidade. Underground, nesse caso, é o sujeito especializado em um certo estilo. “Passei as férias no litoral de Santa Catarina e encontrei muito deep e tech lá. Na rua, ouvia mais que sertanejo. Ô, coisa boa!”, ele me provocou. Vai ter troco.
E por que cargas d’água falar do piloto DJ, sendo que a sexta-feira urge e a mesa da agência já começa a ser tomada pelo acúmulo de papel? Simplesmente porque André Pedralli será uma das atrações da “Prime Hip Hop”, a festa de hoje à noite da Bielle Club, balada mais antiga de Cascavel. Mais antiga que eu, inclusive – tem, ou tinha, um “Since 1976” na logo da casa. O set do piloto-DJ, agora DJ-piloto, será o primeiro da noite. “Há oito meses eu encostei no equipamento pela primeira vez, nem sabia para que lado virava. Agora vou abrir uma festa na Bielle, onde já se apresentaram DJs de todo Brasil, de vários países”, orgulha-se. Depois será a vez de Fabrício Hutner e Lucas Bortoli, que formam o Majestic. Por fim, atração principal da festa, entra o Grillo, DJ residente do Rakenne, balada forte do litoral catarinense.
Sucesso ao Pedralli no comando da festa. Mas faço questão de vê-lo de volta às pistas. Refiro-me às de corrida, não as de dança.
Aos que também acharam pitoresco um piloto de kart atuar como DJ, embora conciliar as duas coisas não seja exatamente uma novidade, eis aqui um set mixado e gravado pelo André Pedralli no mês passado.